Heidegger e a relação Sujeito-Objeto

Explicitarei nesse texto como, de acordo com Heidegger em Ser e Tempo, não nos relacionamos sempre com as coisas a partir da relação sujeito-objeto. Para tal, introduzirei um pouco do pensamento e alguns conceitos básicos heideggerianos necessários para que possamos chegar ao ponto e explicitá-lo com clareza. Apresentarei aqui a questão do Ser e Tempo, a diferença ontológica e apresentarei superficialmente a noção de Dasein, para que então, possamos entrar no âmbito da relação sujeito-objeto, expondo os motivos dessa investigação e sua relevância para a questão central apresentada no livro. Quando discursamos sobre as coisas, falamos sobre elas, afirmamos que elas são, nós tomamos como pressuposto que já sabemos o que Ser significa. Heidegger, notando que o significado de Ser, da maneira que ele indaga, na história da filosofia ocidental até então, não havia sido explicitado, o toma como questão. A partir daí, serão estabelecidas algumas diferenças a respeito de como indagar essa questão. Entramos então, na diferença ontológica, como veremos a seguir.A proposta de Heidegger é investigar o Ser enquanto ele mesmo, na sua forma mais pura. Para isso, ele estabelece uma diferença entre Ser e ente, que está ligada à diferença entre o Ontológico e o Ôntico. Este último trata apenas de discursar fatos a respeito dos entes, ou seja, apenas fala-se sobre as coisas, o que são, como são. O Ontológico trata da questão do que significa efetivamente Ser, enquanto ser, aquilo que nos permite compreender os entes como entes, questão que está já pressuposta quando se vai discursar a respeito destes. É bom ressaltar que Ser não pode ser ele mesmo um ente. Ele é sempre ser de um ente, mas nunca ele mesmo um, supremo, como a filosofia ocidental costumou tratar e, portanto não resolvendo o significado de Ser. Prosseguindo, Heidegger estabelece ainda uma diferença dentro do próprio Ontológico, entre o Ontológico regional e o Ontológico fundamental. O primeiro preocupa-se com Ser de