HAMLET
HAMLET E O HOMEM DOS RATOS:
PSICANÁLISE E LITERATURA
UM DIÁLOGO POSSÍVEL
Jackeline Martini de Carvalho Souto¹ jackeline.martini@gmail.com RESUMO
Este artigo pretende analisar a obra Hamlet, Príncipe da Dinamarca do escritor inglês
William Shakespeare, buscando embasamento teórico nos escritos da psicanálise, tentando explicitar algumas questões relacionadas ao pai (entendido, aqui, como pai da realidade) na neurose obsessiva, e traçar um paralelo com caso do Homem dos Ratos (1909) de Sigmund
Freud (1856 -1939), com o fim de identificar o lugar que este pai exerce nessa estrutura.
Em seu livro Psicologia da Arte (1965), desenvolvido a partir da analise da obra
Hamlet, o psicólogo russo Lev S. Vygotsky (1896-1934), afirma que alguns críticos pecam por sua atitude ingênua de tentar entender a obra de arte atribuindo características de um homem vivo a Hamlet, príncipe da tragédia shakespeareana hora analisada. Ainda assim, utilizamos a psicanálise freudiana e alguns pontos da psicanálise lacaniana como auxilio no estudo desta obra e composição deste artigo. A utilização de tais conceitos no sentido de tentar ilustrar algumas características constantes em alguns personagens da obra pode culminar por atribuir, de fato, traços humanos aos mesmos. No entanto, a tragédia de William
Shakespeare pode também ser utilizada como alegoria, uma ilustração para sintomas descritos por essa disciplina, recriando assim, uma maneira própria de entender a peça de Shakespeare e porque não uma estratégia na transmissão da psicanálise.
Palavras – chave: Hamlet, Shakespeare, Neurose Obsessiva, Trágico e Psicanálise
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Hamlet, O Príncipe das Tragédias?
Escrito por volta de 1600, logo após a morte do pai de Shakespeare segundo Georg
Brandes², a obra de Hamlet tem suscitado analises e interpretações desde sua primeira apresentação. Intelectuais de renome como Joyce³ e Goethe4 vêm buscando analisar e compreender a tragédia shakespeareana ao longo do