As luzes estão apagadas enquanto meus olhos enchem-se de lagrimas, chovia fortemente lá fora, pela janela é possível ver os clarões que os relâmpagos davam sobre a cidade toda. E eu continuo aqui, dentro deste quarto escuro e húmido tentando lutar contra mim mesma, contra minhas próprias vontades, contra meus próprios desejos, contra minha própria índole, contra o meu descontrole, contra tudo que me ligue a você novamente. Mais eu tenho que admitir todas essas tentativas foram meramente falhas. Anseio por liberdade desse sentimento, dessa angustia que insiste em percorrer cada sentimento do meu corpo quente. De algo que vem me sufocando e fazendo com que me engasgue com as minhas próprias palavras. Palavra estas que você já cansou de ouvir e que eu já cansei de repetir, não é mesmo? Você sabe tanto quanto eu que esse discurso virou um clichê de todos os nossos reencontros. Nós dois sabemos que você já sabe tudo nos mínimos detalhes. Cada palavra e vírgula que eu uso. cada verbo ou substantivo pronunciado. A verdade é que eu me esforçava para acreditar em suas promessas do mesmo jeito que você se esforçava para fazer com que eu acreditasse em cada palavra que você dizia. E você não tem noção nenhuma do quão patético isso soa. Patético mesmo era saber que você inutilmente tentava me fazer crer nas suas palavras que inversamente correspondiam com suas atitudes. Sim, isso mesmo, eu sabia que cada uma das palavras que eram pronunciadas pela tua boca eram falsas, assim como eu fiz muitas vezes logo após essa nossa ultima briga, você deve estar se perguntando agora: se eu sabia a verdade por que não lhe joguei na cara toda a sujeira e me afastei antes que a ferida fosse profunda de mais... Pois bem, explicação pode não parecer coerente, mais é. Eu juro que tentei, me esforcei ao máximo para continuar, tentei me convencer que nada daquilo estava realmente acontecendo. Eu juro que tentei prosseguir até os meus pés cansados, dormentes e cheios de bolas pedirem uma pausa,