habito da leitura
Ficou muito conhecido o conto de Rudyard Kipling sobre o Monwgli, o menino-lobo.
Nele, o autor descreve uma criança adotada por uma loba e que cresceu sem jamais haver usado uma só palavra humana (KIPLIG, 1994). O conto é pura ficção – e cientificamente absurdo. Porém, há outros casos, supostamente reais, de crianças criadas por animais. E há também casos reais e bem documentados de crianças que cresceram isolados do contato com outros seres humanos e sem oportunidades de aprender a falar. Há, até mesmo, casos recentes desse tipo.
Por exemplo, há um na Rússia com uma menina de seis anos (THE AUSTRALIAN THE HEART OF THE NATION, 2009).
Desde cedo, meninos-lobo e outros jovens criados sem interação humana despertaram o interesse da psicologia cognitiva e da linguística.
Esses jovens podiam pensar como humanos?
A questão em pauta era decidir se pensamos exclusivamente com palavras ou se seria possível pensar sem elas. Como os meninos-lobo não conheciam palavras, se podiam pensar, teria que ser sem elas. Dos diferentes casos de crianças criadas em isolamento, ficou clara a enorme dificuldade de ajustamento que encontraram, ao serem reabsorvidas pela sociedade. Muitas jamais se ajustaram. Tanto podia ser pelo trauma do isolamento, como pela impossibilidade de pensar humanamente sem palavras. Mas o fato é que não desenvolveram um raciocínio classicamente humano.
O interesse pelos meninos-lobo feneceu (terminou). Mas aprendeu muito desde então e hoje não se acredita que o pensamento sem palavras seja possível, pelo menos, o pensamento simbólico – que é a marca dos seres humanos. Ou seja, Mowgli não seria capaz de pensar.
O celebrado antropólogo Richard Leakey nos diz que “ vivemos em um mundo de palavras. Nossos pensamentos, o mundo de nossa imaginação, nossas comunicações e nossa rica cultura são tecidos nos teares da linguagem... A linguagem é nosso meio... É a linguagem que separa os humanos do resto da