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Por Marcos Guilherme Belchior de Araújo
Deleuze i sintetiza em poucas páginas algumas figurações que demarcariam a passagem das sociedades disciplinares, analisadas por Foucault, para as ditas sociedades de controle. O próprio Foucault já visualizava a crise dos dispositivos disciplinares na sua tarefa de manter o poder nos países industrializados e percebia a abertura das forças sociais à composição de outros meios de gerenciamento do poder. Numa conferência em 1978, ele nos diz:
“Nesses últimos anos, a sociedade mudou e os indivíduos também; eles são cada vez mais diversos, diferentes e independentes. Há cada vez mais categorias de pessoas que não estão submetidas à disciplina, de tal forma que somos obrigados a pensar o desenvolvimento de uma sociedade sem disciplina.” ii
Teríamos uma sociedade, portanto, onde o controle desenvolveria estratégias cada vez menos visíveis e materiais e cada vez mais sutis e imateriais:
“Hoje, o controle é menos severo e mais refinado, sem ser, contudo, menos aterrorizador. Durante todo o percurso de nossa vida, todos nós somos capturados em diversos sistemas autoritários; logo no início na escola, depois em nosso trabalho e até em nosso lazer. Cada indivíduo, considerado separadamente, é normatizado e transformado em um caso controlado por um IBM. Em nossa sociedade, estamos chegando a
refinamentos
de poder os quais aqueles que manipulavam o teatro do terror [nas execuções penais públicas] sequer haviam sonhado”. iii
Nas análises sobre a sociedade disciplinar, Foucault iv tornava clara a dupla articulação que se tecia entre as exigências de um modo de produção capitalista do tipo industrial em desenvolvimento e as novas formas de apropriação corporais e incorporais necessárias para compor essa ordem econômica e social.
Deleuze v , apesar de sinalizar a emergência das novas configurações institucionais que definem a sociedade de controle, não vai