Gênero genérico
Gênero genérico
“O ouvido é feminino, vazio que espera e acolhe, que permite ser penetrado. A fala é masculina, algo que cresce e penetra nos vazios da alma.” (Rubem Alves)
Quando se pensa em gênero, logo se pensa em um sistema de qualificação e divisão de características de determinada espécie, macho e fêmea, masculino e feminino. No caso dos animais, as características que diferenciam macho e fêmea, assim como comportamentos distintos são mais fáceis de observar e até mesmo qualificar. Para nós humanos, em virtude de sermos dotados de raciocínio, essa distinção se torna um pouco mais complicada. Observar e caracterizar torna-se, de fato, mais difícil ainda, por diversos fatores. Um desses motivos é que, para nós humanos, a delimitação das características é pré-determinada (e hoje em dia plenamente reversível), se pensarmos nas diferenças biológicas e anatômicas entre homens e mulheres. Quando se tratam de distinções comportamentais, as características são determinadas pelo discurso dominante, e, portanto, passíveis de modificações, seja de cultura para cultura, seja de época para época. Houve um tempo em que a distinção comportamental era plenamente delimitada e os papéis devidamente separados. Nesse contexto toda mulher e todo homem tinham seus papéis distintamente delineados na sociedade, e dificilmente se fugia disso. Dentre os principais formuladores dos papéis de gênero, podemos citar a Igreja cujo discurso era no imperativo, inclusive no que se dizia respeito ao papel masculino e ao papel feminino na sociedade; o discurso médico; o moralista; o político e até mesmo o capitalismo exerce grande influência na formulação desta distinção de gêneros na contemporaneidade (Ou do que se pretende como tal). Com o movimento feminista da década de 20, no qual mulheres reivindicavam igualdade nos direitos, já que até então havia notoriamente um privilégio ao sexo masculino, tais distinções foram perdendo a sua