Guerra ao terror / Ponto de vista
Para apresentar esta realidade, a diretora Kathryn Bigelow resolveu apostar em nomes pouco conhecidos. Mais importante do que ter um astro era ter um personagem, alguém com quem o público pudesse acreditar no que se passa com ele. Pois esta é a chave que faz o filme funcionar: a sensação de veracidade. A tensão onipresente, o medo de que qualquer um à sua volta possa ser um inimigo, a desconfiança geral, a certeza de que a morte possa chegar a qualquer minuto... tudo isto faz parte do cotidiano dos envolvidos, que precisam não apenas realizar o serviço ao qual foram designados como também lidar com suas questões emocionais e psicológicas. Neste contexto, é ainda mais relevante a ausência do lado político. Não que os militares sejam alienados, mas esta simplesmente não é sua prioridade. E aqui entra uma questão implícita, referente à necessidade desta guerra. Se houvesse um objetivo mais claro, algo contra quem combater, seriam os envolvidos mais politizados? A própria origem da guerra do Iraque, e sua manutenção, não faz com que as pessoas ajam sem grandes questionamentos ou interesses, como se meramente estivessem cumprindo um serviço? Ou esta simplesmente é uma característica dos dias atuais, onde a grande maioria não se interessa por assuntos mais densos e complexos,