Terrorismo
EUGENIO DINIZ
Trabalho a ser apresentado no 3o Encontro Nacional da ABCP – Associação Brasileira de Ciência Política
Área de Relações Internacionais Painel: Guerra, terrorismo e redefinições no sistema internacional
Niterói, 28-31 de julho de 2002
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COMPREENDENDO O FENÔMENO DO TERRORISMO
Eugenio Diniz1
1. Introdução
Um dos problemas para se pensar o fenômeno do terrorismo é exatamente a ausência de definições incontroversas. A partir daí, corre-se o risco de agregar sobre um mesmo nome coisas muito diferentes, impossibilitando a análise, a identificação de alternativas adequadas para se lidar com o fenômeno e induzindo a erro quando da avaliação da eficácia dessas alternativas. Afinal, uma delas poderia ser adequada para lidar com um fenômeno e não com outro; como ambos foram reunidos, na cabeça de decisores e analistas, sob o mesmo nome de “terrorismo”, a análise da eficácia também manifestará a mesma confusão, condenando equivocadamente alternativas razoáveis. Ao se pensar sobre o terrorismo, portanto, é preciso circunscrever o que faz e o que não faz parte da discussão: é preciso definir terrorismo. Essa definição não deve nos tornar parte de uma disputa política voltada para impingir a pecha de terrorista em um ou outro ator: afinal, uma das dificuldades do termo “terrorismo” é que seu uso é marcado por tentativas de desqualificar politicamente adversários; “terrorismo” é, ao mesmo tempo que um fenômeno político, um termo depreciativo (Gibbs 1989: 329). Nossa definição deve, ao contrário, fornecer critérios que nos permitam inclusive avaliar a plausibilidade da designação de um ou outro ator como terrorista, funcionando também como uma maneira de analisar criticamente discursos enviesados. Ao mesmo tempo, essa tarefa de definir o fenômeno não tem a marca do dicionarista: é preciso defini-lo para daí retirar as implicações em termos de atuação. Isso foi tentado por outros autores, sem que se chegasse a