Grotowski
As energias da gênese
No trecho Farsa – Misterium (tese) do livro O Teatro Laboratório de Jerzy
Grotowski,o autor fala do ritual coletivo que acontece no teatro, segundo ele, é a única das artes que: “possui o privilégio da ritualidade” (2007, p.41). O autor procurou reencontrar, resgatar o rito no teatro. Para ele o teatro onde os espetáculos eram feitos e as pessoas os assistiam por uma obrigação cultural, divertimento, convenção ou qualquer outra coisa não bastava. Ele dizia ser tentado a retornar aos ritos primitivos, que deram origem as primeiras representações, onde as duas partes, ator e público, se envolviam no ato, num ritual coletivo, que para ele é o caminho para um teatro vivo. Porém, ele também coloca a importância do teatro fugir da reprodução dos sistemas de signos reais e literais para que ganhe o status de “arte”, senão for assim, o teatro não se distancia da linguagem televisiva e nem do cinema, ou nem mesmo se diferencia da vida cotidiana, e dos códigos socialmente préestabelecidos, não tirando o espectador do lugar comum e o envolvendo nesse outro estado ritualístico, como propõe Grotowski. Para Grotowski o ator é diferente do “homem comum” porque precisa agir antes de pensar (1992, p. 15); Treinar para que seus movimentos e sons fiquem bem elaborados; e integrar a técnica ao seu corpo, tornando em cena esses movimentos orgânicos, para ele intuitivos. Mas tão fortes e sinceros que sejam capazes de envolver o público numa linha energética e sensível. Segundo Ferracini o ator cria nos ensaios um conjunto de matrizes, o mesmo que
Grotowski chama de intenções, essas matrizes criam no ator estado corporal diferente do estado cotidiano, pronto para o trabalho, ativo, e aberto às percepções sensíveis, o qual ele chama de “corpo-em-estado-cênico”, esse primeiro espaço do ator: o corpo. O ator então, por meio desse estado, doa essas matrizes generosamente ao público, pois essas matrizes, segundo Ferracini, não podem ser