Principe Constante
CORPO-MEMÓRIA, ATO REAL E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO
Autora: Mestranda Tuini dos Santos Bitencourt
Orientadora: Nara Keiserman
Bolsista CNPq
Resumo: O presente artigo é parte integrante da dissertação de Mestrado: “O Príncipe
Constante de Ryszard Cieslak e Jerzy Grotowski: Transgressão e Processos de Construção como possibilidades do político na arte”, cuja pesquisa encontra-se atualmente em andamento. Discorrerá sobre a construção da fisicalidade de Ryszard Cieslak no espetáculo O
Príncipe Constante de 1965, dirigido por Jerzy Grotowski, e buscará estabelecer quais os principais elementos responsáveis por conferir a peculiaridade dessa construção no contexto dos processos atoriais.
Palavras chave: corpo-memória, ação física, ato real.
O trabalho de Ryszard Cieslak em o Príncipe Constante.
Desde o primeiro momento do espetáculo, foi como se todas as minhas lembranças e as categorias sobre as quais me apoiava desaparecessem debaixo dos meus pés e vi um outro ser, vi o homem que encontrara sua plenitude, seu destino, sua vulnerabilidade. Aquele cérebro, que antes era uma gelatina embaçando suas ações, agora impregnava todo o seu corpo com células fluorescentes (BARBA,
1994: 120).
O Príncipe Constante é um marco na história do Teatro Laboratório e do teatro mundial no século XX. Os relatos dos críticos da época - o espetáculo estreou em 1965, na Polônia destacavam uma diferença dessa construção em relação aos demais espetáculos da companhia até então. Havia algo de indecifrável e extremamente impactante no trabalho de Ryszard
Cieslak (BANU, Georges: 1992).
A declaração de Eugenio Barba - que já havia trabalhado com Grotowski no Teatro
Laboratório entre os anos de 1961 e 1963 - denota a peculiaridade e o impacto dessa experiência capaz de fazer “desaparecer categorias e lembranças”. O próprio Grotowski reconhece a sua importância em relação aos trabalhos anteriores da companhia. Ainda durante o processo de