Gramsci e o Estado
A maior contribuição de Gramsci ao marxismo é que ele sistematizou, a partir do que está implícito em Marx, uma ciência marxista da ação política. Para ele, a política é a atividade humana central, o meio através do qual a consciência individual é colocada em contato com o mundo social e material, em todas as suas formas. (Hobsbawm, 1982, 23). Foi líder intelectual envolvido com um movimento proletário de massa em Turim.
O Estado deve ser compreendido não somente como sociedade política, mas como o equilíbrio entre a sociedade política e a sociedade civil. A sua concepção de sociedade civil enfatiza a superestrutura na perpetuação das classes e na prevenção do desenvolvimento da consciência de classe. O Estado era muito mais do que o aparelho repressivo da burguesia; o Estado incluía a hegemonia da burguesia na superestrutura. A sociedade civil pertence para Gramsci, portanto, ao momento superestrutural e não ao estrutural, é o fator chave na compreensão do desenvolvimento capitalista.
A hegemonia burguesa se consolida pela capacidade da classe dominante em exercer seu domínio sobre a sociedade civil, inclusive através de instituições sociais inquestionáveis, como as escolas e as igrejas.
Gramsci adotou a ideia de Benedetto Croce de que o homem era o único protagonista na história: seu pensamento estimula a ação. No entanto Gramsci o criticava, pois ele não colocava o homem como agente ativo de sua própria dialética. Essa dialética gramsciana requer que a estrutura e superestrutura não sejam separadas na análise da sociedade burguesa.
Gramsci produziu uma análise do desenvolvimento histórico que rejeita a versão marxista mais estreita da sociedade civil como sendo incompleta e não relevante à situação ocidental. Ele não nega a superestrutura, está intimamente vinculada às relações de produção. Marxismo = filosofia da práxis.