Gramsci e o estado
Jamais podemos analisar um pensador sem contextualizá-lo no tempo e no espaço em que ele viveu; "sua cabeça pensa onde seus pés pisam". Gramsci chega a Turim em 1911, se sensibiliza pelas perspectivas oriundas do desenvolvimento tecnológico e industrial, e pela possibilidade de sua pátria se transformar em uma sociedade progressista, já que mesmo jovem tinha lido em Marx que, a industrialização era um passo preliminar para a revolução proletária. Gramsci afirma ao sentir a efervescência política em Turim: "A luta de classes integral e consciente, característica desse momento da história, já esta completamente definida em Turim". Posteriormente, Gramsci se torna o líder intelectual do movimento proletário de massa em Turim. Em 1922, o fascismo de Mussolini triunfa com apoio maciço de boa parte da classe trabalhadora da "velha bota", o que leva Gramsci a conclusões que perpassarão todo seu pensamento, principalmente duas idéias, sendo elas: as complexas e diversas práticas e teorias que permitiam a classe dominante, conquistar o consentimento sobre os dominados; e, a necessidade de uma vanguarda intelectual que orientasse o instinto de revolta do trabalhador. Ressaltando, que essa "elite" intelectual não se constituiria em um estamento burocrático intangível ao proletariado, como foi o caso da Rússia soviética, principalmente no período estalinista.
Para conseguir o consentimento dos dominados, a classe dominante gerou símbolos, valores e normas, que foram incorporados pelos subalternos. Esse predomínio ideológico da burguesia teve no Estado uma função primordial, a de criar no imaginário conceitual coletivo, uma realidade única e "incontestável". Gramsci também se utiliza do conceito de hegemonia no Estado, pois o estado é uma teia de significantes que postulam se auto-justificarem através principalmente do consentimento ativo dos governados. Em carta enviada a sua cunhada, ele defini assim esse novo conceito de estado:
"Eu