Graduação
Por Marizângela Faustino França
“Quando nascemos fomos programados, a receber o que vocês, nos empurraram com os enlatados dos U.S.A., de nove as seis. Desde pequenos nós comemos lixo comercial, industrial...” Renato Russo
Na Copa de 70 eu nem tinha nascido.
Lembro-me que na minha infância tentava a todo custo fazer funcionar uma velha vitrola para ouvir os discos de histórias infantis.
A vitrola guardada entre coisas esquecidas, deixadas de lado, pertencia a minha mãe. Morava com meus avós e como eles não eram adeptos aquela tecnologia, ela ficava de lado.
Meus avós, na década de 1980, moravam na zona rural, interior do Rio de Janeiro e só tinham acesso ao rádio e era através dele que se ouvia música, notícias, orações, propagandas.
Carregava o aparelho toca discos pra lá e pra cá a fim de fazê-lo funcionar até descobrir que o problema era a correia de faz o disco girar sobre a bandeja. Descoberta!
Ouvia a mesma estória várias vezes por dia até acabar com a agulha. Novo problema: numa cidadezinha do interior onde não existiam lojas, manter essas tecnologias em funcionamento era complicado.
A volta do rádio como ator principal. A ele bastava eletricidade ou pilhas. As músicas estavam ali prontas para serem executadas, como mágica. Não conseguia entender como se dava aquele milagre.
Não sei de onde surgiu, mas surgiu na minha casa um gravador cassete.
Maravilha! Além de escutar as músicas das fitas cassetes, que provavelmente eram de Julio Iglesias, na voz de Amado Batista: “No hospital, na sala de cirurgia, pela vidraça eu via...”
Podia também gravar e ouvir minha própria voz.
Por volta dos meus dez anos de idade, uma tia que vivia na capital, perguntou o que eu queria ganhar de natal. Sem pestanejar, respondi por carta escrita: meu desejo era ter um walkman.
Poder sair à rua ouvindo música era uma experiência fantástica. As músicas eram gravadas a partir do rádio, nos idos dos anos 1990, sucessos de