graduando

FERNANDES, Annie Gisele. A estrutura dialógica em poemas do Só de Antônio Nobre. Dissertação (Mestrado) - Campinas – SP, 1996

Capítulo 2 - António Nobre, o Só e a fortuna crítica.

Ana Paula Ferreira de Lucena1

O poeta António Nobre viveu pouco, sua breve vida, no entanto foi de muita inspiração, tanto que o jovem poeta conquista outros poetas os quais rendem a ele a homenagem merecida, em vida publicou um único livro de poemas denominado Só, que possui duas edições, a primeira contendo 29 poemas e a segunda que não inclui poemas mas trata-se da reorganização dos mesmos.
A leitura dos poemas de Só podem ter algumas considerações, alguns grandes estudiosos pontuaram questões que hora convergem e hora divergem, olhar para o Só com vários prismas torna a obra mui enriquecedora e capaz de trazer um caminho diferenciado para cada leitor, tal obra proporciona uma riqueza de mundos, provocando então uma leitura dinâmica e prazerosa.
Ressaltemos a opinião do principal biógrafo do autor, Guilherme de Castilho que vê nos poemas marca forte de mitificação de si mesmo, o olhar do crítico define que o poeta criou seu próprio universo um mundo próprio, uma fuga da realidade em que ele vivia, para o biógrafo é o “livro da crise” onde o poeta cria o imaginário para fugir da realidade.
A leitura mais comum aos críticos é que o livro trata-se de uma autobiografia, um diário pessoal do poeta, tal interpretação ignora o trabalho do escritor reduzindo a descrição pessoal e diminuindo o trabalho da escrita formal dos poemas, o argumento dos críticos é baseado na disposição dos poemas na segunda edição, que para eles marcam em sequência os episódios da vida.
Só é marcado por nostalgia, um discurso que demonstra obsessão pela morte, sofrimento, falência, tristeza são marcas que levam o poeta a buscar leitores que se compadeçam da dor, pode-se dizer que a leitura traz um toque de masoquismo, ser a pessoa sofrida ignorada pela sociedade que pouco se importa com ele.
Nesse