Graduando
Em seu mais recente livro – O olhar da mente –, o neurologista Oliver Sacks prova, mais uma vez, que faz parte desse seleto grupo de pessoas que consegue transcender qualquer sugestão de que ciência é “algo frio”.
Sacks retrata enfermidades neurológicas e seus processos de forma quase literária. E escrever sobre enfermidades neurológicas de maneira clara e em linguagem acessível para o grande público é o maior mérito do escritor/neurologista.
O texto de Sacks conta a história de Lilian Kallir, uma pianista clássica que sofre de um problema neurológico que afeta consideravelmente a visão, ou melhor, a capacidade de reconhecer as coisas do mundo – por mais que a estrutura ocular dela tenha continuado intacta, o modo de enxergar e reconhecer fora alterado.
A princípio Lilian reclama que consegue identificar as letras e notas mas não consegue ler, nem textos e nem partituras. As frases não faziam sentido. E com isso, conforme o problema se desenvolvia ela tinha, cada vez mais, que recorrer à sua memória musical.
Com o tempo lilian passou a ter dificuldades também para visualizar e identificar objetos e com isso teve começou a criar técnicas para “dissecar” o que ela visualizava e assim tentar adivinhar os objetos identificando-os por cores, formatos, localização, contexto, associação ou, em alguns casos, por tentativa e erro. Por vezes lilian conseguia descrever perfeitamente um objeto mas não identificá-lo. Conseguia visualizar características individuais de um objeto ou figura mas não conseguia sintetizá-las, vê-las como um todo. Como no exemplo usado pelo autor de um outro paciente, que sofria do mesmo quadro clínico e que não conseguia identificar uma Luva apenas olhando para uma, mas conseguia descrevê-la com termos bastante abstratos como “Uma superfície contínua envolta em si mesma com cinco