graduanda
Pedro Cláudio Cunca Bocayuva (Historiador e Diretor da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – FASE)
As ciências sociais aplicadas ao estudo das relações espaciais, particularmente a Geografia e a Sociologia Regional e Urbana, tiveram uma grande perda com o falecimento do Professor Milton Santos (1926-2001) cuja grande obra expressa o conflito sócio-espacial contemporâneo. A fenomenologia dos processos territoriais e a metamorfose dos sistemas complexos das ações e dos objetos, cruzados na dimensão espaço-tempo, serviu de filão na obra desse grande intelectual brasileiro para uma análise ampla das problemáticas da geografia humana diante da emergência dos novos mapas do “sistema mundo”. Nos limites desse artigo, pretendemos resgatar um aspecto das tensões geradas pela globalização a partir do resgate da noção de contrafinalidade, expressão das resistências sociais territorializadas. O conflito sócio-espacial traduz através dessa noção a potencialidade para a emergência de rupturas com “a via única neoliberal”. Na estrutura das relações sócio-espaciais, podemos identificar a possibilidade da ação contra-hegemômica dos oprimidos vista sobre o prisma de uma leitura sistêmica do mundo.
O condicionamento e a referência para definir o “lugar” deriva de uma epistemologia referida à natureza e à história cujo significado é dado pela sociedade humana pois, “não podemos pensar o lugar sem mundo”. O entrelaçamento entre sistemas de objetos e sistemas de ações, e os seus deslocamentos e interações, permite a construção das categorias geográficas na perspectiva das mudanças históricas que configuram o espaço habitado. A dimensão de artificialidade, isto é, do espaço dominado pelos sistemas de objetos aparece como um desafio marcante da atualidade. Essa ecologia dos artefatos e da natureza socialmente construída sobredetermina os sistemas de ações.
Os sistemas de ação se