Graduanda
Zadig e a História
Zadig, o sábio da Babilônia que protagoniza o livro de Voltaire – intitulado Zadig ou o destino, publicado pela primeira vez em 1747 – estava decepcionado com seu casamento e procirou se consolar com o estudo da natureza; o que lhe interessava sobretudo era o estudo das propriedades dos animais e das plantas. Zadig acabou adquirindo tal sagacidade, que conseguia apontar “mil diferenças onde os outros homens viam só uniformidade”. (Pág. 13)
O fascínio do Zadig de Voltaire vem resistindo ao tempo. Em O nome da rosa, de Umberto Eco, a sabedoria de Guilherme de Baskerville está firmemente enraizada em sua capacidade de “reconhecer os traços com que nos fala o mundo como grande livro”. (Pág. 14)
O Zadig de Voltaire parecia preocupado em aplicar seu método, principalmente ao estudo das “propriedades dos animais e das plantas”; Umberto Eco que sugere procedimentos semelhantes podem ser utilizados na analise de contextos culturais. Como comentou Adso a respeito de Guilherme de Baskerville:
Assim era meu mestre. Sabia ler não apenas no grande livro da natureza, mas também no modo como os monges liam os livros da escrita, e pensavam através deles. Dote que, como veremos, lhe seria batante útil nos dias que se seguiriam. (Pág. 15) O método de Zadig tem encontrado seus adeptos também entre os historiadores. O historiador, portanto, através de um esforço minucioso de de decodificação e contextualização de documentos, pode chegar a descobrir a “dimensão social do pensamento”. (Pág. 16) Zadig foi parar na prisão por que os juízes da Bibilonia de inicio não acreditaram que ele pudesse ter descrito tão detalhadamente a cadela da rainha e o cavalo do rei sem tê-los jamais visto. Para os juízes, assim como o eunuco e o monteiro-mor, parecia inconcebível que alguém lograsse saber tanta coisa a respeito dos animais sem ter tido a experiência de encontrá-los cara a cara. O sábio, porém, conseguiu explicar aos juízes como, a partir dos rastros