Graduado
HEIDEGGER E GADAMER
Rui Sampaio da Silva
Universidade dos Açores
O problema do relativismo é um dos principais problemas que se coloca ao nível da interpretação do pensamento de Heidegger e de Gadamer.
Apesar de os referidos filósofos não se considerarem relativistas, a verdade é que os seus críticos têm
alertado, não poucas vezes, para as
consequências relativistas da fenomenologia hermenêutica. A correcta apreciação desta questão é dificultada pelo facto de não haver um consenso claro sobre o sentido do termo “relativismo”, o qual é usado em diferentes acepções por diferentes autores. No que se segue, procurar-se-á, em primeiro lugar, clarificar o conceito de relativismo para posteriormente avaliar em que medida o pensamento de Heidegger e de Gadamer é vulnerável à acusação de relativismo.
1. O conceito de relativismo
Uma das dificuldades que se coloca quando se pretende definir o conceito de relativismo prende-se com o facto de ele ser aplicável a vários domínios. Deste modo, surgem diferentes variedades de relativismo, como o relativismo cognitivo, moral, cultural, ontológico ou semântico. Note-se, a este respeito, que é possível adoptar uma destas formas de relativismo e rejeitar outras; por exemplo, há quem adopte o relativismo moral ao mesmo tempo que rejeita o relativismo cognitivo.
Se procurarmos investigar o que há de comum a todas estas variedades do relativismo, podemos ser confrontados com diferentes respostas. Alguns autores entendem que a característica mais importante do relativismo
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Investigaciones fenomenológicas 6
consiste na ideia de que o conhecimento, as normas morais ou os significados, por exemplo, dependem de um determinado contexto, que tanto pode ser uma sociedade, uma cultura, uma época, o paradigma de uma comunidade de investigação ou um esquema conceptual. Como ilustração desta tendência, podem ser mencionadas as seguintes definições de relativismo