Grades de pensamento
Toda palavra dita num impulso ela guardava de resguardo em seu pesado ilusório de rancor, era suponhamos refletido ao umbral de um plano espiritual a qual tanto estudará muitas vezes á frente, vagamente mais tarde quando ao acalmar dos surtos vieram também os tilintares das luzes de embriaguez que na falta da sobriedade obrigavam-na a pegar um de seus aparelhos eletrônicos e escrever compulsória para quem julgava até então feri-la impunemente os receios da alma. Odiaria a sua própria facilidade com a palavra escrita momentos mais tarde, odiaria cada verso de poesia escrito muito denso e cheio de saudade para àquele rapaz com tanta maldade. Chamaram-na de ingênua por estar ali cantando em doce voz de sabiá uns cantos de palavras vazias que nem ao menos significavam muito ao seu penar, disfarçavam-na de loba para que pudesse aceitar-se até mesmo os sofrimentos cardíacos que acometiam-na até certa data.
De tudo haviam perdido sua pureza num copo de tequila, uma bebida de limão, e outras mais que desciam pela garganta e queimavam laringe, duodeno, estômago, fígado... Paz seria aquilo, momentos após a morte da embriaguez o sol opunha-se até seus ombros, a cama de testes, o corpo suado e um desconhecido ao lado, brincavam com sua pouca sensatez, pouparam-na de detalhes sórdidos, quiseram-na de quatro, em ponte, esguia e limpa, posta em posição fetal chorava os urgidos do enjoo nada sadio, um vaso sanitário, rímel escorrendo até as laterais das bochechas juvenis, ninguém para segurar-lhe os cabelos longos caídos e passados no vômito.
Um cigarro a tira cola numa bolsa que certamente não era a sua, um isqueiro por ali jogado e tantos estranhos ao seu lado, era acender fumar, beber, e foder. O dia terminaria assim da seguinte forma, um pôr do sol numa varanda clara, uma roupa surrada da tarde passada, a nicotina queimando os viés de amargura junto às drogas que vem com bula, solitária e acompanhada essa era a rotina da bem amada.