Graciliano e São Bernardo
Comparação do tema violência entre os capítulos de Vidas Secas e o conto A hora e vez de Augusto Matraga
Diego Alves Farias
Nº USP 8024317
FLC0201 Literatura Brasileira II
A violência aparece de formas diferentes nos contos de Guimarães Rosa e Graciliano Ramos. A violência sertaneja que rodeia Augusto Matraga é quase reverenciada, enquanto Fabiano sofre com a violência repressora do soldado amarelo, criando um sentimento de repúdio àquelas atitudes do superior.
Fabiano é bruto, mas não é violento. Até pensa que poderia, se quisesse, bater no soldado, mas sua índole não é de vingança ou agressividade. Ele se pergunta por que está preso se não fez nada. Nem mesmo quando o encontrou sozinho, indefeso, agride o soldado. Pelo contrário. Diante da fragilidade, fica com dó e pensa que ele que estaria errado no dia que foi preso.
Mas a violência que sofre é, além de moral e tirânica, é também física. É tratado como um animal, e seu jeito matuto também aumenta sua característica selvagem. O ambiente o oprime, as circunstâncias não o favorece.
Já Nhô Augusto age diferente. Pensa em vingança, da mulher que se foi com a filha e dos capangas que o abandonaram. Sente o gosto do inferno quando é agredido quase até a morte e, depois se recupera com o casal de pretos. Mas a violência continua sendo contemplada no sentido de ser por meio dela que a sua redenção chega.
Dois fatos também mostram que a violência rege a história de Rosa. O primeiro acontece quando, já sob a influência das mudanças cristãs que se iniciam após a sua recuperação, Nhô Augusto adormece e sonha com um Deus que seja “o mais solerte de todos os valentões”, que, inclusive, o impulsionaria a lutar e ainda ficaria cuidando de tudo “só para lhe experimentar a força”.
Outro ponto é a cena final, em que mantém a amizade com Joãozinho Bem-Bem mesmo depois de lhe dar a punhalada que o matou, pois era um homem diferente e, por isso, motivo de orgulho de morrer