Governo collor e a mídia
Vitorino Baseggio [1]
RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão a cerca do papel exercido pela mídia, da construção da candidatura, até o Impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, uma vez que parece contraditória a posição desta, já que em 1989 o candidato era apresentado como o “Salvador da pátria e da Moralidade” e dois anos após, a mesma mídia, após diversas denúncias de corrupção, inicialmente cala-se, e posteriormente apoia os movimentos sociais e políticos, em especial o denominado “Caras pintadas” que pressionavam o parlamento brasileiro para a cassação do presidente
Palavras-chave: mídia, eleição, corrupção, caras-pintadas, Impeachment; Collor.
1 INTRODUÇÃO
O Brasil, no final do ano de 1989, teve sua primeira eleição presidencial pelo voto direto em quase três décadas. Três anos depois, pela primeira vez na história nacional um presidente foi afastado do poder de maneira democrática, sem golpe militar ou remendos constitucionais. Nesse curto período, houve enormes manifestações populares e a maior intervenção na propriedade privada já vista no país, com o confisco de contas correntes e da poupança. Foram anos de recessão e revolta, de corrupção institucional e mobilização da sociedade. Foram também os anos em que a imprensa teve uma participação substantiva na vida política, desde a construção de um personagem, o candidato “Caçador de Marajás de Alagoas”, ou moralizador do serviço público, enfim, Collor tornou-se conhecido por meios de jornais, revistas periódicas e emissoras de televisão. Deste momento da história brasileira, o que restou de mais curioso e instigante foi à postura da mídia; afinal o que levou a mudança de posição em tão curto espaço de tempo. Os mesmos órgãos de imprensa que criaram alguém com o perfil interessante para as massas populares, posteriormente serviram de estopim, com suas denúncias, para incitar movimentos, como os