A tese que permeia A globalização e seus malefícios é que a globalização não resultou nos benefícios econômicos prometidos para algumas nações mais pobres do mundo. Na verdade, os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres, cada vez mais pobres. Muito desse fracasso deve‑se aos efeitos perversos das instituições multilaterais, especialmente o FMI e o Banco Mundial, inclusive do legado de empréstimos para o Terceiro Mundo e dos programas de ajustes estruturais a estes condicionados. Stiglitz define a globalização como “a integração mais próxima de países e povos do mundo.causada pela enorme redução de custos de transporte e comunicação e pela eliminação de barreiras artificiais para os fluxos de mercadorias, serviços, capital, conhecimento e (em menor escala) pessoas através das fronteiras internacionais”. O processo não é intrinsecamente ruim,mas tem sido acompanhado de uma ladainha de políticas que têm causado mais danos do que benefícios aos países em desenvolvimento,entre as quais austeridade fiscal, altas taxas de juros, liberalização do comércio, liberalização dos mercados de capitais, privatização e reestruturação do mercado financeiro. De acordo com Stiglitz, essas políticas são resultado de um compromisso ideológico para liberar mercados que é quase dogmático,especialmente no âmbito do FMI. Ele acredita que o FMI tende a agir segundo os interesses dos credores e das elites ricas em detrimento dos pobres, e que não é suficientemente aberto para as visões e perspectivas destes últimos. Afinal, foi essa ideologia cega,somada à “má economia” e aos “interesses particulares discretamente velados”, que resultou na transição da “terapia de choque” russa, que foi o equivalente econômico do administração de crises; não deveria mais se envolver (fora das crises) em desenvolvimento ou economias de transição”. Economias em desenvolvimento e aquelas em transição do comunismo são mais bem atendidas pelas Oeste Selvagem. Em compensação, a China