Globalização e Risco Social
Posted on 09 by contadores.destorias
Globalização. Fatalidade ou Utopia
Boaventura Sousa Santos (org.)
Porto, Ed. Afrontamento, 2001
(excertos)
Pedro Hespanha
A Globalização e o Risco Social
O agravamento do risco social na época contemporânea relaciona-se com a emergência de novos factores de incerteza e de imprevisibilidade que reduzem inelutavelmente a capacidade de resposta no quadro dos sistemas institucionalizados. As sociedades de risco, como passaram a ser designadas por Beck, distinguem-se pela presença crescente de consequências não esperadas, nem desejadas, do processo de modernização e pela generalização da insegurança.
Fortemente associado à produção da incerteza e do risco está o fenómeno da globalização, entendido este, não apenas como uma crescente interdependência entre sociedades nacionais, mas como uma verdadeira desterritorialização do social e do político, no sentido de que a coincidência entre sociedade e Estado se vai desvanecendo e transcendendo à medida que as formas de actividade social e económica, de trabalho e de vida, deixam de ter lugar dentro do quadro do Estado-nação.
Na esfera económica, a desterritorialização significa que o capital perdeu a vinculação nacional e que, por isso, pode agora furtar-se ao poder regulador dos Estados nacionais e à pressão dos sindicatos nacionais e, assim, proporcionar às empresas que operam à escala global condições mais vantajosas quer em termos de custos salariais quer de encargos fiscais. Do lado do trabalho, a desterritorialização vem promover a livre deslocação dos trabalhadores para onde existam oportunidades de emprego.
As crises em dominó dos anos 90 que envolveram o México, a Tailândia, a Coreia, a Rússia e o Brasil vieram mostrar como a gestão económica num mundo globalizado se tornou uma actividade muito difícil e arriscada e como estes países não estavam preparados para aguentar os choques provenientes dos mercados globais. Num ambiente onde