globalização limites e fronteiras
Claude Courlet*'
Introdução
Falar de fronteiras, de cooperação transfronteiriça, mesmo de uma dimensão local, na conjuntura atual de globalização da economia pode parecer surpreendente. No entanto o processo de globalização (mundialização de mercados e de recursos estratégicos) traz consigo uma grande plasticidade de estruturas, que confere uma grande margem de ação ao território. De fato, o fenômeno de globalização permite apreender o processo de recomposição dos espaços em suas múltiplas dimensões, espaços estes que participam da emergência de novas modalidades de ação política, nas quais a fronteira cumpre um papel importante. Com efeito, a existência de fronteiras não constitui um ato arbitrário, mas responde a uma lógica que se delineia tanto ao interior de um determinado espaço como na relação deste com outros espaços.
Defender-se-á aqui uma concepção de fronteira como um limite. A fronteira não é um obstáculo em um território, mas um mecanismo que resulta de toda e qualquer ação nesse território. A fronteira é invariável em termos estruturais. Graças a ela, o capitalismo evolui, separa, diferencia, regula. A fronteira é múltipla em suas funções, em seu significado. Essa idéia será desenvolvida na primeira parte do texto.
Em uma perspectiva histórica de análise, insiste-se no fato de que o capitalismo joga com a fronteira. No caso de uma extinção de fronteiras e de proteções, outras fronteiras e outras formas de proteção passam a atuar. No processo atuai de globalização, outras fronteiras se definem. Essas novas
Tradução da Economista Beatriz Azevedo.
Professor do Institut Recherche Economic Production Developpment (IREPD).
fronteiras permitem colocar em ação uma estratégia coerente e coordenada, que normaliza e baliza as diferenças, os desvios, para melhor administrá-los, ou mesmo eliminá-los. Isso será visto na segunda parte do texto.
1 - A fronteira como "comutador"
Para um bom número de