gestão urbana
INTRODUÇÃO
Este artigo objetiva, a partir de estudo empírico sobre deslizamento de barreiras em uma área de morros na zona norte do Recife, refletir, à luz de estudos sociológicos sobre desastres, acerca da problemática da habitação popular e das relações da comunidade com o meio ambiente construído.
Trata-se de uma região de ocupação relativamente antiga que concentra uma população em torno de 300 mil habitantes. Embora seja uma área de baixa renda, configura-se como uma das mais equipadas em termos de infra-estrutura urbana dentre os bairros populares da cidade. Entretanto, dada a sua ocupação desordenada, implicando modificações importantes no ecossistema, por um lado, e a ausência de técnicas de construção adequadas, por outro, seus moradores enfrentam enormes dificuldades para alcançar condições mais apropriadas de vida. A área foi ocupada sem nenhum tipo de planejamento, estando a estrutura urbana desenhada na forma de um labirinto, imprópria, portanto, à distribuição de um sistema viário, à disposição das habitações de acordo com limites seguros de declividade, à provisão de serviços de infra-estrutura (instalação de redes de esgoto, por exemplo). Acrescente-se o fato de as condições de habitabilidade locais estarem limitadas por caracteres geomorfológicos inadequados à forte densidade demográfica na área.
A partir de informações extraídas de questionários com perguntas sobre equipamentos urbanos, problemas de desmonte, percepções da população a respeito dos deslizamentos de barreiras e de entrevistas com famílias atingidas pelo problema, pretendo reconstituir as estratégias utilizadas pela população para fazer face aos desastres, e suas visões acerca do habitat onde vivem, procurando identificar as vulnerabilidades/capacidades da comunidade no que se refere à sua relação com o meio ambiente. SOBRE OS DESASTRES
O fenômeno dos desastres tem-se caracterizado