SOCIALISMO E COMUNISMO Marx separou no comunismo duas fases distintas: uma primeira, inicial e transitória, que se conveio depois chamar de socialismo; e a segunda de comunismo "pleno". Na primeira, a repartição dos bens produzidos em sociedade se dá segundo o critério da quantidade e da qualidade do trabalho desempenhado pelos indivíduos. Na segunda, se dá de acordo com as necessidades dos indivíduos. Nesta formulação o marxismo supera a problemática da igualdade nos termos em que era apresentada pelo pensamento liberal. A este respeito, transcrevemos uma passagem elucidativa do texto Crítica ao Programa de Gotha, de Marx. O argumento marxista reconhece e afirma a diferença, a desigualdade, a individualidade dos homens. Por isso, o estabelecimento da igualdade entre indivíduos é superado teoricamente. O que se procura eliminar na sociedade é a divisão em classes, que na verdade sufoca a libertação do potencial individual da maioria da sociedade que trabalha e deve se "limitar ao seu papel". Mas eliminada a exploração de classe, as diferenças entre os homens não só se mantêm como até se ampliam na medida em que todos ficam livres para desenvolver suas aptidões e capacidades individuais, e a sociedade se volta para oferecer a todos as condições concretas para que isso possa ocorrer. Os homens são diferentes, seja pela diferença de atributos físicos e mentais, seja pela diferença de necessidades que enfrentam em função de distintas condições de vida. O que se procura eliminar são as desigualdades provocadas pela divisão da sociedade em classes. Isto é, que apenas floresçam as diferenças provocadas pela plena afirmação da individualidade humana. Assim, a igualdade entre os indivíduos como era concebida pelos pensadores liberais não se coloca na sociedade comunista. Na primeira fase, a desigualdade se dá pela diferente capacidade de trabalho. Na segunda, pelas diferentes habilidades e necessidades dos homens. Ao romper com as premissas do liberalismo, o marxismo