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A campanha eleitoral de 1989 foi eletrizante. Pela primeira vez depois de 29 anos o Brasil escolheria pelo voto o seu presidente. Ulysses Guimarães, do PMDB, tinha a autoridade de líder da resistência à ditadura;
Lula tinha a aura de líder do jovem Partido dos Trabalhadores, o novo trabalhismo; Leonel Brizola, do
PDT, era a tradição do velho trabalhismo; Mário Covas era o candidato da nascente social-democracia, o
PSDB. Guilherme Afif Domingos ensaiava nova tentativa de fundar o liberalismo à europeia no país. Paulo
Maluf se apresentou pelo partido da ditadura, o PDS, ex-Arena. Correndo absolutamente por fora vinha o governador de Alagoas, Fernando Collor. Começou com 1% nas intenções de votos e por um partido de existência efêmera, o PRN, Partido da Reconstrução Nacional, criado como veículo de sua candidatura.
Todo brasileiro com menos de 48 anos estava votando para presidente pela primeira vez na vida. As vastas emoções daquela campanha inaugural eram vividas sob o pano de fundo de uma economia se desfazendo na hiperinflação.
O mundo começava a viver um período dourado que se estenderia pelos anos seguintes. A queda do
Muro de Berlim e o colapso do bloco soviético incluiriam 28 países nas regras mundiais de comércio.
A China, depois do horror do massacre de estudantes na praça da Paz Celestial, reagiria ao retrocesso político com o grande passo à frente na economia. A Índia iniciava reformas econômicas que permitiriam um extraordinário salto. A Europa dava passos que a levariam ao acordo de Maastricht, embrião da união monetária e do alargamento das suas fronteiras. Milhões de pessoas na China e na Índia, entre outros países, saíam de uma economia de subsistência rural para os espaços urbanos, aumentando a demanda mundial por matérias-primas e alimentos. Tudo isso provocaria, nos anos seguintes, a queda abrupta e persistente do que o mercado chama de aversão ao risco. Na prática isso significa maior volume de recursos
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