Proem
O trabalho desta professora vai além das já difíceis atribuições de sua categoria. À frente de uma escola destinada a alunos com defasagens diversas, Maria dos Anjos trabalha como voluntária para resgatar a cidadania de jovens que, em sua maioria, não têm o menor suporte em suas famílias
Reportagem de Leilane Menezes Publicação: 11/07/2010 09:32 Atualização: 11/07/2010 09:40 Todo dia é dia de salvar vidas para Maria dos Anjos de Menezes, 66 anos. Ela não é médica, bombeira ou nada parecido. Trabalha como diretora da Escola do Parque da Cidade, também conhecida como Promoção Educativa do Menor (PROEM). Há 23 anos, a senhora de jeito afável e abraço aconchegante deposita a própria fé em meninos e meninas quase sempre invisíveis aos olhos da sociedade. O PROEM recebe alunos com defasagem de idade/série. Os motivos para o atraso na vida escolar são variados. Alguns enfrentam severos problemas familiares. Outros estão em liberdade assistida, já passaram pelo Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje). Ainda há aqueles que dividem o tempo entre o crime e o aprendizado escolar. “Os mais complicados são os meus preferidos”, admite a diretora.
Quem passa em frente ao PROEM percebe de imediato: aquela é uma escola especial. Não há muros. Apenas cercas rodeadas de arame farpado. Os buracos nas armações de ferro são marcas das tentativas de fuga dos alunos. Eles sempre driblam o guarda que fica o tempo todo no portão e ganham as ruas. Alguns fogem para se drogar, outros para roubar e há quem apenas queira dar um passeio no meio do dia. Dos Anjos pega o próprio carro e vai atrás de cada um deles. Só volta quando os encontra. Os alunos não costumam ir longe. As aulas são de ensino fundamental e ocorrem em período integral. Os adolescentes tomam café da manhã, almoçam, tomam banho e jantam na escola. As turmas têm até 15 integrantes e o atendimento é individualizado. Os professores tentam respeitar o ritmo