Gestão democrática
Cipriano Carlos Luckesi
Nos últimos dez ou quinze anos, muito se tem escrito, falado e abordado sobre o fenômeno da gestão democrática da escola. Usualmente, essas abordagens, assim como as práticas delas decorrentes, têm focado sua atenção na participação de pais, comunidade, professores e estudantes na vida administrativa da escola, especialmente através da eleição dos seus gestores (diretor e vice-diretor) e constituição e participação em comissões que decidem sobre parcos recursos econômicos, que, por ventura, possam ser destinados pelos poderes públicos a uma determinada instituição escolar pública. Quanto às escolas particulares, por suas características, nem se pode pensar nesse tipo de gestão.
Para tanto, organizam-se campanhas eleitorais, assemelhadas às campanhas dos períodos de escolha dos ocupantes dos cargos executivos e legislativos do país, nos diversos níveis do poder, municipal, estadual, federal. Além disso, Comissões são constituídas, até com representatividade igualitária dos grupos de interessados na vida da escola, tendo em vista, eventualmente, decidir sobre o destino de algum recurso econômico existente no âmbito da instituição.
Isso tem seu lado positivo, mas essa é uma compreensão e um uso limitados do que se pode entender e vivenciar sob esse slogan da “gestão democrática da escola”. De fato, tenho dúvidas se essas atividades efetivamente propiciam efetivas condições de prática participativa de pais, comunidade, professores e estudantes na gestão escolar. Parece-me que não é o fato de participar de um processo eleitoral no âmbito da escola que faz com que estudantes, pais e professores aprendam a melhor se desempenhar mais adequadamente na vida política do país. Importa até mesmo observar que esse processo tem trazido para dentro da escola todas as mazelas de nossas campanhas políticas, tais como debates emocionais, esgrimas verbais, manipulação de