Geografia
Os ciganos podem ser encontrados em todo o território brasileiro e nos diferentes níveis do espectro social. Embora não existam estatísticas confiáveis, uma vez que o censo brasileiro não permite o registro de identidades étnicas, apenas de identidades raciais, as estimativas do número de ciganos no Brasil variam de 800 mil a 1 milhão, números que não devem ser vistos como reflexos diretos de realidades demográficas ou identitárias, mas sim como um artefato discursivo que reflete a busca de afirmação e o reconhecimento dos ciganos como parte integrante da narrativa nacional brasileira. Essa estratégia de visibilidade ganhou força na última década, quando o Estado brasileiro adotou o multiculturalismo como linguagem oficial e princípio organizador de políticas públicas. “Embora esse discurso no Brasil tenha sido inicialmente direcionado aos grupos tradicionalmente reconhecidos pelo discurso do nacionalismo brasileiro, a exemplo dos grupos indígenas e negros, ele abriu um espaço para a expressão da identidade étnica de grupos não contemplados na narrativa nacional oficial, como os ciganos. Esse processo veio ao encontro da crescente importância que a etnicidade adquiriu, no Brasil, como capital simbólico e marcador de distinção social desde os anos de 1980” (Pinto 2010). Assim, a etnicidade cigana, marcada por sua expressão contida no universo familiar ou nos espaços comunitários (como clubes e associações particulares), passa por um processo de intensificação de seu valor cultural e de sua expressão na esfera pública. Existe atualmente um conjunto de políticas dirigidas a portadores de uma identidade étnica específica, como os ciganos, no Brasil. Essas políticas reconhecem os ciganos como sujeitos de direitos coletivos e tem levado a um debate sobre a identidade cigana na esfera pública, assim como a um processo de disputa pela definição de seus critérios e