geografia nos anos iniciais
Para a especialista, explicar conceitos geográficos não basta. O educador precisa de reflexão e atualização constantes
Vários modelos educacionais já foram experimentados para tratar de questões geográficas na escola brasileira. Durante a década de 1970, predominava a tendência do ensino baseado no trinômio "natureza, homem e economia". Esses conceitos, no entanto, eram vistos de forma fragmentada, cada qual tendo uma lógica própria e isolada dos demais. Depois, até os anos 1980, ocorreu o movimento de renovação no ensino da disciplina, que apontava para a ineficiência da metodologia adotada anteriormente. Surgiu, assim, uma Geografia crítica, acompanhando a evolução da ciência geográfica. Vivia-se a passagem da década de 1980 para a de 1990, um momento de abertura política e de especificação dos problemas sociais que o Brasil enfrentava. A disciplina assumiu a missão de denunciar contradições do modo de produção capitalista, tendo como proposta uma sociedade alternativa. Foi quando a geógrafa Lana de Souza Cavalcanti apresentou sua tese de mestrado e deu início a um percurso acadêmico dedicado à disciplina escolar e à formação docente - caminho que ela trilha até hoje na Universidade Federal de Goiás (UFG). Na entrevista a seguir, a pesquisadora afirma que não existe Geografia escolar de qualidade sem uma ponte que ligue a disciplina à vida cotidiana dos alunos. Ela defende o protagonismo dos professores e fala sobre questões delicadas referentes ao ensino para turmas de Ensino Fundamental.
Existe alguma diferença entre a Geografia como disciplina escolar e a ciência geográfica?
LANA DE SOUZA CAVALCANTI Sim, embora ambas analisem a realidade pela mesma perspectiva. O modo como cada uma compõe e organiza os temas de estudo é diferente. No mais, a primeira é um feixe de referências - e, entre elas, está a ciência geográfica estudada nas nossas universidades. Para lecionar no