Genealogia da moral - O castigo

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O sentido da cultura,segundo a genealogia,é a domesticação do “homem animal de rapina”. Este é o processo pelo qual a barbárie é superada e a civilização se constitui paulatinamente. O homem, em Nietzsche, não é um animal gregário por natureza: a socialização do homem é um processo violento, cruel.O movimento inicial da domesticação é a aquisição da capacidade de fazer promessas.A faculdade de prometer é um pressuposto fundamental da sociabilidade.Os homens somente entram em sociedade quando finalmente passam a dispor dessa exigência básica do convívio social que é a possibilidade de fazer promessas.

Ocorre que no homem o esquecimento é uma força inibidora ativa e não uma força inercial.O esquecimento é ativo,é um sintoma de saúde,e ele inviabiliza a capacidade de prometer e,consequentemente,impede a sociabilização.

A questão é – “Como fazer no bicho-homem uma memória?“.Esse antigo problema,pode-se imaginar não foi resolvido com meios e respostas suaves,talvez nada exista de mais terrível e inquietante no homem com sua mnemotécnica.Mnemotécnica é a técnica,o procedimento pelo qual o homem adquire uma memória.Um processo não espontâneo e cruel.A memória se constitui,portanto,da dor.O homem se serve da dor como um procedimento pelo qual ele inscreve em si uma memória,Este uso da dor é uma expressão do modo pelo qual o homem começa a se dinstinguir do animal,uma vez que um animal jamais utilizaria a dor.Assim o homem começa a ingressar na sociedade Então o castigo passa a ter uma função de domesticação do homem na medida em que é a expressão do uso da dor,e sua instrumentalização no processo de constituição da memória
Se o castigo pode ser pensado inicialmente como forma de reparação,isto é,como forma de compensação por um mal ou por um prejuízo qualquer,ele surge no contexto meterial da dívida,prescindindo,por exemplo a noção moral de culpa

Ocorrido um dano,entende-se que ele pode de algum modo ser reparado e como que restituído o status quo ante.este

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