gangues
As gangues têm sido objeto de uma grande parte das pesquisas contemporâneas nos Estados Unidos. De fato, há tanta pesquisa que o tema das gangues já se transformou no que Mike Davis (1991) chama de uma "growth industry', isto é, um assunto sobre o qual todo mundo escreve - especialista ou não - e que dá prestígio a quem o faz. Apesar da grande diversidade de estudos, podemos agrupá-los em duas categorias: os que consideram as gangues como um resultado dos atributos específicos de seus membros e os que as descrevem pelas diversas formas de ação criminosa ou "desviante" praticadas por seus membros. O erro dessas interpretações é que elas deturpam a natureza do fenômeno e subestimam as relações entre as condições estruturais da sociedade e a própria gangue. Sendo assim, para bem compreender o fenômeno é preciso analisar em que condições as circunstâncias estruturais da sociedade afetam o desenvolvimento e a conduta das gangues. Antes de iniciar a análise, é importante identificar alguns dos problemas levantados pelas conclusões mais recentes dessas pesquisas De um modo geral, esse quadro conceitua) deu origem a seis formas de definir as gangues. A primeira as considera como uma coleção de indivíduos tão privados de identidade que precisam participar ativamente de um grupo capaz de lhes proporcionar uma auto-estima positiva e de ajudar a desenvolver uma identidade social no seu entender válida, embora percebida por um ângulo deformado (Vigil, 1988). O problema dessa definição é que grande parte dos jovens que se juntam às gangues já tem uma identidade, mais associada ao fato de serem pobres do que a um sentimento de inadequação. Na realidade, as pessoas que participam de gangues, em sua esmagadora maioria, não agem com a intenção de adquirir uma identidade nova e positiva; ao contrário, entrar para uma gangue é uma tentativa de criar uma nova identidade econômica - isto é, tornar-se uma nova pessoa, que tem dinheiro e a identidade que o dinheiro pode