Resenha Gangues de Nova York
Em um filme de 2002, com a direção Martin Scorsese e atuação de Daniel Day-Lewis, Cameron Diaz, Leonardo di Caprio e Liam Neeson, está uma obra cinematográfica, que se soma com a representação histórica da cidade de Nova York no século XIX. Com o roteiro adaptado do livro “The Gangs of New York: An Informal History of the Underworld”, do historiador Herbert Asbury, tem-se a perfeita união que transparece a vivência dos americanos no período: expondo conflitos abolicionistas, religiosos, migracionais e abalos da guerra de secessão, envoltos de uma lógica romanceada de vingança heroica. Com uma grande direção e uma representação caricatural, o filme expõe uma desconstrução da utopia dos Estados Unidos como o país onde reinavam a tolerância religiosa, a democracia, a total liberdade e a prosperidade. De forma romanceada, e um pouco satirizada, Scorsese leva o seu espectador a um recorte temático muito pouco explorado: os nativos são os vilões e o estrangeiro é o herói, a lógica esta invertida. Nesse momento histórico estão sendo valorizadas as raízes ideológicas de cada grupo norte-americano, como fica evidente na disputa na Guerra Civil, mas o diretor faz a representação dessa época invertendo esse padrão e rebatendo a utopia do nativo americano.
Na segunda metade do século XIX os Estados Unidos enfrentava o embate político entorno da unificação do Norte com o Sul, as tensões ideológicas entre os dois grupos (escravistas e abolicionistas) diferiam a ponto de estabelecer-se uma guerra para definir qual grupo comandaria o país. Em meio a essa efervescência de ânimos, o presidente Lincoln proclama a abolição da escravatura americana, abrindo espaço para o negro na sociedade, assim como para a visão de igualdade no país. O filme se localiza dentro desse contexto, ilustrando um aspecto específico da sociedade nova-iorquina embuida em uma disputa de nativos e estrangeiros (no caso, irlandeses) – capaz de ser expandido