Fé e Razão
“Despontaram, não só em alguns filósofos, mas no homem contemporâneo em geral, atitudes de desconfiança generalizada quanto aos grandes recursos cognoscitivos do ser humano. Com falsa modéstia, contentam-se com verdades parciais e provisórias, deixando de formular as perguntas radicais sobre o sentido e o fundamento último da vida humana, pessoal e social”.
Como “a verdade que nos vem da Revelação tem de ser, simultaneamente, compreendida pela luz da razão”, o papel da filosofia é muito importante. O capítulo quarto da Encíclica apresenta uma síntese histórica, filosófica e teológica de como o cristianismo se apresenta em relação ao pensamento filosófico antigo. “Os primeiros cristãos, para se fazerem compreender pelos pagãos, não podiam citar apenas «Moisés e os profetas» nos seus discursos, mas tinham de servir-se também do conhecimento natural de Deus e da voz da consciência moral de cada homem”.
No capítulo quinto, mencionam-se diversos pronunciamentos do Magistério sobre questões filosóficas. Parte-se da idéia de que “a Igreja não propõe uma filosofia própria nem canoniza determinadas correntes filosóficas em detrimento de outras”, mas sim “tem o dever de indicar aquilo que pode existir, num sistema filosófico, de incompatível com a fé”. Está claro, além disso, que “nenhuma forma histórica da filosofia pode, legitimamente, ter a pretensão de abraçar a totalidade da verdade ou de possuir a explicação cabal do ser humano, do mundo e da relação do homem com Deus”.
A Revelação como o “ponto de enlace e confronto” entre a filosofia e a fé é o tema do capítulo sétimo. A Sagrada Escritura contém uma série de elementos que permitem obter uma visão do homem e do mundo de grande valor filosófico. Dela se deduz, por exemplo, que “a realidade que experimentamos não é o absoluto”. A convicção fundamental desta “filosofia” contida na Bíblia é que “a