Fé em Deus e Pé na Tábua

A origem da desobediência no trânsito

A desobediência no trânsito está relacionada à nossa cultura, costumes e valores que nos foram passados desde a época imperial, onde as pessoas abriam caminho e saudavam a aristocracia e, a relação hierárquica entre senhores e escravos.
A relação de igualdade não faz parte desses valores.
Os superiores se sentem no direito a ter privilégios. As leis são para pessoas inferiores. No Brasil, é sinal de superioridade não obedecer e de inferioridade obedecer, que é vista como uma babaquice.
Vemos as leis e as normas de trânsito como obstáculos a serem ultrapassados e não como algo que existe para nos proteger.

Estilo aristocrático-fascista de dirigir

O brasileiro trata a rua como um lugar hierárquico, com relações de poder e status, os carros são os donos da rua, o resto só atrapalha o trânsito, inclusive o outro motorista. Esse comportamento é herança de uma sociedade aristocrática e burguesa que se confirma até os dias de hoje, onde os que se acham mais poderosos procuram se valer do “jeitinho brasileiro”, se julgam superiores.
No Brasil, você se sente superior ao pedestre porque tem um carro, ou superior a outro motorista porque tem um carro melhor. Ser dono de um carro demonstra seu sucesso individual.
Como motoristas somos superiores, agressivos e nada cordiais.

Incongruências entre o espaço CASA e o espaço RUA

A casa é o nosso lar, onde encontramos tranquilidade e proteção. É o lugar onde vivemos em conjunto, onde somos reconhecidos, respeitados e respeitamos todos os membros de nosso círculo de convivência. Existe o contato afetivo, o sentimento. A rua, teoricamente, é considerada como um ambiente igualitário, aberto a todos. Nesse espaço encontramos nossa individualidade, somos anônimos, mas isso não significa poder fazer o que quiser, e sim obedecer as normas de utilização desse espaço público, mas temos muita dificuldade em respeitar isso, ignorando essas normas se não for de nosso