Fundamentos epistêmicos
GESTALT E NA PSICANÁLISE.
* Na Gestalt
Assim como todo o movimento, as ideais contestadoras da Gestalt tiveram origem em conceitos anteriores. A base da posição da Gestalt, ou seja, o enfoque na unidade da percepção encontra-se no trabalho do filósofo alemão (1724-1894) que, curiosamente, escrevia os seus livros confortavelmente vestido de roupão e calçando chinelos. Kant alegava que, quando percebemos o que chamamos de objeto, encontramos os estados mentais que parecem compostos de partes e pedaços. Essa ideia é semelhante à proposta dos elementos sensoriais defendida pelos empiristas ingleses e associacionistas. No entanto, para Kant, esses elementos são organizados de forma que tenham algum sentido, e não por meio de processo de associação. Durante o processo de percepção, a mente forma ou cria uma experiência completa. Desse modo, a percepção não é uma impressão passiva e uma cominação de elementos sensoriais, como afirmavam os empiristas e associacionistas, mas uma organização ativa dos elementos, de modo que forme uma experiência coerente. Assim, a mente molda e forma os dados originais da percepção.
* Na Psicanálise
A noção de natureza, o ponto de vista dinâmico e as forças são conceitos puros da razão, idéias que não têm referente possível no mundo sensível; são idéias que têm entes da razão como referentes e que servem como guias de pesquisa factual.
Não é por acaso que Freud caracteriza as pulsões como idéias abstratas, conceitos puramente convencionais. Ele sabe que o preenchimento do seu conteúdo só poderá ocorrer de forma inadequada, pois não há referente empírico possível para elas. Ao usar o termo Trieb, Freud retoma um termo comum à filosofia e à ciência alemã pós-kantiana, que está na base de sua formação como homem de ciência (cf. Loparic 1999). Não seria correto dizer que o conceito freudiano de Trieb corresponde exatamente às forças motrizes das quais fala Kant, mas a maneira como Freud opera teoricamente