Fundamentos Da L Gica
Ao dizer “é lógico que eu vou!”, estou supondo que quem me ouve sabe que também estou afirmando, sem que eu diga explicitamente: “Você me conhece, sabe o que penso, gosto ou quero, sabe o que vai acontecer na hora x e na hora y e, portanto, não há dúvidas de que vou até lá.”
Nesse caso, tiramos uma conclusão que nos parece óbvia, e dizer “é logico que” seria o mesmo que dizer “é claro que” ou “não há dúvida de que”.
Quando dizemos: “Isso não tem lógica” estamos falando o oposto da situação anterior. Essa situação nos faz julgar que a conclusão é indevida, deveria ser outra.
Ao usarmos as palavras lógica e lógico, estamos participando de uma tradição de pensamentos que origina na filosofia grega. Os filósofos se indagavam se os LÓGOS (“linguagem discurso e pensamento-conhecimento”) obedecia ou não as regras, normas, princípios e critério para seu uso e funcionamento.
Heráclito e Parmênides
Os primeiros filósofos se preocupavam com a origem, a transformação e o desaparecimento de todos os seres. Preocupavam-se com o devir. Heráclito de Éfeso e Parmênides tinham posições opostas a essas.
Heráclito: Somente a mudança é real e a permanência, ilusória.
Parmênides: Somente a identidade e a permanência são reais e a mudança, ilusória.
O mundo, dizia Heráclito, é um fluxo perpetuo onde nada permanece idêntico a si mesmo, mas tudo se transforma no seu contrário. Nossa experiência sensorial percebe o mundo como se tudo fosse estável e permanente, mas o pensamento sabe que nada permanece.
Os logos e a mudança de todas as coisas, os conflitos entre elas. O dia se opõe a noite, o quente ao frio, o novo ao velho. A ordem do mundo são essas oposições e a mudança continua de um no outro.
O ser, dizia Parmênides, é o logos, porque é sempre idêntico a si mesmo, sem contradições, imutável e imperecível. O devir, o fluxo dos contrários, mera opinião que formamos porque confundimos a realidade com as nossa sensação, percepções e lembranças. A mudança é impossível,