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Rubião
Pomin, Giovana C.
Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, UNESP
1. Objetivos
Murilo Rubião desenvolve o gênero fantástico de forma bastante original, pois, em sua obra, o insólito se incorpora, sem causar surpresas, à banalidade da rotina. Uma das principais características desse fantástico muriliano é o fato de os contos não possuírem desfecho. São contos cíclicos, cujo resultado freqüente é a condenação cíclica (infinita) das personagens.
Dessa maneira, nosso objetivo aqui é demonstrar tal circularidade verificando como esta se desenvolve no conto “Teleco, o coelhinho”. 2. Material e métodos
O conto “Teleco, o coelhinho” foi analisado buscando-se explicitar principalmente a forma como se desenvolve sua circularidade. Para tal, utilizou-se o conceito de tempo cíclico apontado por Octavio Paz em Os filhos do barro, assim como foram investigadas as principais características do deus grego Proteu para, através de sua comparação com a personagem Teleco, do conto, reiterar o caráter circular deste.
3. Resultados
Apesar de Murilo Rubião ser um autor claramente moderno, ao fazer uso desse tempo cíclico, está se voltando para o mundo antigo de que fala Octavio Paz, pois, segundo ele, havia neste civilizações que acreditavam em idades do mundo: nascimento, crescimento, definhamento e morte. Porém, após o fim, a morte, ocorria o renascimento (retorno ao início de inevitável degradação), fechando-se um ciclo perfeito. Assim, estar dentro desse universo circular é estar em um espaço que não é morte nem vida, pois as mudanças perdem o sentido e o futuro fica anulado. É exatamente isso que se dá em “Teleco, o
coelhinho”. Teleco é a recriação do mito de
Proteu e, como ele, realiza uma trajetória cíclica. Proteu era um deus marinho que não gostava de fazer profecias e que, para fugir de quem tentasse abordá-lo, se transformava em
vários