Fronteiras
A análise de um dos ramos do Movimento de Ocupação do território maranhense, que diz respeito às regiões de Turuzinho e do Caru, é o objetivo primeiro da obra de Santos e Andrade, intitulada Fronteiras. Os autores utilizam as contribuições de Correia Andrade para reafirmarem que a frente nordestina no Maranhão não se desenvolveu de forma linear, apresentando várias atividades econômicas (pecuária extensiva e pequena agricultura) e dispondo-se em diferentes regiões (sul e oeste do estado).
Concebendo a frente de ocupação como um movimento heterogêneo e não contínuo, aos autores atribuem a apropriação das terras do Vale do Caru não à seca nordestina ou à mão de obra excedente, mas sim, à expropriação dos lavradores e à elevação do preço dos aforamentos nas áreas de colonização antiga do Maranhão.
Por volta de 1920, adentrando o interior do estado, a frente de migração nordestina altera os preços de aforamento da terra por conta da grande demanda por áreas cultiváveis. Dessa forma, os pequenos agricultores maranhenses, impossibilitados de realizarem o pagamento por tais áreas, acabam migrando para as chamadas terras livres, formando centros camponeses.
Um desses centros camponeses a ser contemplado na pesquisa de Santos e Andrade é o Centro do Bala, liderado por Domingos Bala, um dos primeiros a ocupar terras livres e grande conhecedor da flora e fauna locais. O Centro do Bala, como comunidade camponesa preserva as noções de coletividade, refletindo na forma de produção e de distribuição de bens. Os conflitos que se desencadeiam na comunidade, dizem respeitos à consanguinidade e direitos parentais. Entretanto, mesmo apontando divergências, os autores optam por valorizarem o modo de vida camponês, desmistificando o entendimento leigo que tais centros vivem isolados, à margem do mercado; refletindo sobra a ação (ou não) do Estado acerca dos apossamentos, conflitos e disputas de terra e apontando possíveis rumos para pesquisas acadêmicas futuras.
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