frida
Em 1998 Eliane Brum repórter do jornal ZERO HORA recebeu de Marcelo Rech um desafio: extrair crônicas da vida comum entrevistar pessoas aparentemente banais, diferentes daquelas que todos os dias povoavam as páginas dos jornais com feitos dignos de nota. Assim surge A vida que ninguém vê, o principio como uma coluna e depois ganhando forma de livro. Esse livro toca pela profunda sensibilidade no olhar de Eliane sobre gente aparentemente comum, encontrando uma vida oculta o surpreendente mistério e a singularidade capaz de virar história. Em um misto de crônica e reportagem, a autora tece cada crônica numa linguagem envolvente e encantadora, capaz de conduzir o leitor de forma suave pelo que pode haver de mais cru e tocante na invisível vida alheia.
A vida que ninguém vê é um daqueles livros impossíveis de serem lidos sem uma boa dose de arrepios. Arrepios pela crueza da vida anônima, sentimento despertado pela rosa fascinante e olhar sensibilizado de Eliane. Cada história gera uma emoção distinta cada página corre o irremediável risco de ser barrada por uma lágrima seja de ternura seja de revolta.
A história de Frida conta que ela vivia na Câmera de Porto Alegre ouvindo as reuniões, ela ficava irritada com os projetos que eram feitas e não eram agradáveis. Frida aos 68 anos dizia o que muitos apenas pensavam. Sua primeira aparição na Câmera foi nos anos 60 quando a Câmera ainda funcionava no centro.
Sempre reclamava dos vereadores que ganhavam 5 mil so para falar besteiras, mas todos riam de Frida e diziam que ela não batia bem da cabeça. Frida virou Frida na Câmera de vereadores antes ela era Nilsa , filha de agricultores e mãe de seis filhos, sofria de esquizofrenia, ela sempre quis ser vereadora vivia com canetas e papeis escrevendo o que acontecia na Câmera e deixava comentários e espalhava pelas cadeiras . As vezes ela se irritava mas achavam tudo maluquice, o grande drama de Frida era por não receber salário nem um, mas ela sempre vivia