Freyre
Raça, Classe e Região
“(...) Em suas formas a organização brasileira foi predominantemente feudal – embora um tanto capitalista desde do início – durante séculos. O patriarcalismo caracterizou-a sociologicamente, isto é, considerada a organização em suas formas e em seus processos, embora variassem os conteúdos econômicos e geográficos e as predominâncias étnicas e culturais que lhe deram coloridos regionais diversos. (...)
Integração, amadurecimento e desintegração que não se verificaram nunca, independentemente de outro processo igualmente característico da formação brasileira: ode amalgamento de raças e culturas, principal dissolvente de quanto houve de rígido nos limites impostos pelo sistema mais ou menos feudal de relações entre os homens às situações não tanto de raça como de classe, de grupos e indivíduos.” (p. 354).
“Começou então o que, no estudo sociológico da história brasileira, pode ser considerado o declínio do patriarcado: primeiro do rural, que foi o mais rígido, e porventura, o mais característico; depois o semi-rural, semi-urbano, urbano. E ao lado desse declínio verificou-se - ou vem se verificando-o desenvolvimento de formas por alguns chamadas particularistas, ou individualistas, de organização de família, de economia, de cultura.(...)” (p.355).
(...) De qualquer modo, deve-se atribuir a tais sentimentos ou idéias de obrigações de paternidade da parte de alguns patriarcas, considerável influência na interpretação das condições de raça e de classe que desde os começos da colonização do Brasil vêm se verificando mo nosso País e resultante em constantes transferências de indivíduos de cor, da classe a que pareciam condenados pela condição da raça materna e, até certo ponto, deles – a