Gilberto Freyre
O NORDESTE: UMA REGIÃO DE AMBIVALÊNCIA
1. Rompendo com o discurso da miséria: Outro olhar sobre o Nordeste
Considerando Nordeste (1937) uma obra que surge da tentativa impressionista realizado por Freyre em escrever de uma forma simples e compreensível sobre a construção e desenvolvimento de uma sociedade açucareira e patriarcal, nela o autor salienta, nos seis capítulos que compõem a obra, a íntima relação mantida entre o homem, que representa a sociedade, e o meio ambiente que este vive. Dessa forma, Freyre lança um desejo e o fisga, ou seja, na pretensão de retratar a relação estabelecida entre sociedade e meio natural, este não só consegue o retrato como o faz de forma magistral. Assim, em uma composição mais clara e simples o autor apresenta aos estudiosos e/ou leitores sobre a temática Nordeste uma abordagem que circula por diversas análises, tais como: geográfica, ecológica e histórica sobre a região Nordeste em uma determinada temporalidade em enfatizando determinados sujeitos.
Em Nordeste (1937) Freyre não se preocupa em abordar um lugar cheio de males sociais, ou seja, não se pretendeu, em tal obra, a realização de mais uma descrição sobre os males sociais sofridos pela região. Em detrimento da pobreza, da seca e a da morte que estavam presentes no cotidiano do Nordeste brasileiro, Freyre destaca outro lado deste lugar, um lado onde à riqueza natural, a umidade da terra e a vida naturalmente simples e abundante tomam de conta do cenário nordestino, pelo menos em sua escrita, e domina esta região a transformando em um lugar quase que paradisíaco. Porém, na tentativa de criar um Nordeste apaixonante Freyre não nega a existência de tais males, apenas na obra aqui analisada não se pretende a abordagem destes, antes procura ver o “lado positivo” desta região.
Freyre compreende que a região Nordeste é quase sempre identificada como um lugar que carrega em sua história relatos de uma sociedade mergulhada na seca e na imagem de uma