Freud e as conferencia XXIII

Antes de darmos ínicio aos textos de Freud referentes à Etiologia da Sexualidade Infantil, para uma melhor compreensão, se faz necessário tomarmos conhecimento de um artigo intitulado “Minhas teses sobre o papel da Sexualidade na Etiologia da Neurose” (1906), onde Freud nos fala a respeito de algumas modificações que aconteceram ao longo da sua construção da Teoria Psicanalítica. Essas modificações se dão quanto à Teoria do Trauma e a uma maior importância da fantasia na vida sexual dos indivíduos. Modificações essas que foram apresentadas no bojo da sua teoria na passagem dos anos 1905 – 1906.
No artigo em questão, Freud apresenta a sua descrença na etiologia traumática da histeria, mas também continua sua investigação sobre a sexualidade humana e confirma a importância da fantasia na vida dos indivíduos. Ele parte de uma nova concepção que afirmava a origem da neurose histérica a partir de uma fantasia inconsciente, desconsiderando assim, o desencadeamento de um sintoma provocado por um evento traumático real na história do paciente. A partir dessa reformulação teórica, o termo trauma já não se referia a um evento externo, mas designava um acontecimento psíquico carregado de afeto, como uma fantasia, como é designado na teoria freudiana. Então, Freud revelou, com isso, que, diante de um sintoma, o psicanalista em vez de buscar um acontecimento traumático real deveria procurar o trauma de uma fantasia angustiante que pertenceria à história de cada sujeito.
Freud descreve ainda nesse artigo como se deu a substituição da ideia de “traumas sexuais infantis”, antes acreditada por ele e Breuer em seus escritos em conjunto, pela hipótese da “sexualidade infantil”. Após explicar como se deu o processo de modificação, ele aponta no artigo os pontos exatos que foram modificados. Nas palavras dele:
“Caiu por terra a insistência no elemento ‘traumático’ presente nas vivências sexuais infantis, restando o entendimento de que a atividade sexual infantil (seja ela