Estudos de psicanalise
Estud. psicanal. n.32 Belo Horizonte nov. 2009
Os paradoxos do conceito de resistência: do mesmo à diferença The paradoxes of the concept of resistance: from the same to the difference
Rodrigo Ventura1
Círculo Brasileiro de Psicanálise - Seção Rio de Janeiro
Endereço para correspondência
RESUMO
O presente artigo tem como principal objetivo problematizar o conceito de resistência no discurso de Freud. Mediante a articulação com a obra filosófica de Michel Foucault, a hipótese deste artigo aponta para a possibilidade de pensar a resistência em si implicada na mudança subjetiva, ou seja, na produção do novo e da diferença no processo de subjetivação.2
Palavras-chave: Resistência, Diferença, Conflito pulsional, Compulsão à repetição.
ABSTRACT
The main objective of the present article is to question the resistance concept in Freud’s speech. By the articulation with Michel Foucault’s philosophical work, the hypothesis of this article points to the possibility of thinking the resistance in itself implicated in the subjective change, in other words, in the production of the new and the difference.
Keywords: Resistance, Difference, Instintual conflict, Compulsion to repeat.
Não se sabe do que o homem é capaz ‘enquanto ser vivo’, como conjunto de forças que resistem.
Michel Foucault Introdução
É sempre em torno de alguma forma de mudança e transformação subjetiva que gira a experiência psicanalítica. Em outras palavras, é apostando no surgimento do novo e da diferença diante das fixações e inércias da psique humana que a psicanálise se afirma como uma terapêutica da alma.
Longe de um ideal de cura, a prática analítica está implicada na constituição de formas de subjetividade ou modos de existência que sejam capazes de lidar com os conflitos de força insuperáveis e inerentes à vida.
Em oposição à normalização e à submissão da subjetividade na atualidade, a psicanálise está