Freire e educaçao
1. Situando Paulo Freire
Por mais que Freire seja conhecido no campo da educação e mais ainda no campo da educação popular, entendemos que é pertinente salientar algumas de suas idéias para contextualizar nosso trabalho, bem como destacar alguns autores da teoria crítica que fazem referência a Paulo Freire, como Mclaren (1997), Giroux (1997) e Apple (2006). Lembramos que Freire (2002), sempre criticou a sociedade neoliberal, afirmando ser radicalmente “[...] contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura” (p.116). Freire reiteradamente falou/escreveu sobre a educação articulando-a com o contexto social e político. Nas palavras do próprio Freire:
É reacionária a afirmação segundo a qual o que interessa aos operários é alcançar o máximo de sua eficácia técnica e não perder tempo com debates “ideológicos” que a nada levem. O operário precisa inventar, a partir do próprio trabalho, a sua cidadania que não se constrói apenas com sua eficácia técnica mas também com sua luta política em favor da recriação da sociedade injusta, a ceder seu lugar a outra menos injusta e mais humana. (2002, p. 114)
Freire (2004), nunca deixou de lutar pela transformação da sociedade e de questionar o poder dominante. Nunca abriu mão do sonho da mudança radical, da luta pela construção de uma sociedade igualitária, tanto do ponto de vista econômico e democrático como do ponto de vista político, racial, sexual e educacional: “E é por isso também que é possível, em qualquer sociedade, fazer algo institucional e que contradiz a ideologia dominante. Isso é que eu chamo de uso dos espaços de que a gente dispõe.” (FREIRE, 2004, p. 38). A partir da linguagem freireana, é possível usar alguns conceitos que contêm uma clara caracterização do processo educativo popular. Um deles é o