Fragmentos da história das concepções de mundo na construção das ciências da
AMIZADE E A BUSCA PELA VISÃO NA OBSCURIDADE
DO PRESENTE PARA ENTENDER O CONTEMPORÂNEO
Wilson Krette Júnior*
Em O que é o contemporâneo? E outros ensaios, traduzido para a língua portuguesa em 2009 e publicado pela Editora Argos, estão reunidos três ensaios do filósofo italiano Giorgio Agamben.
Os ensaios partem de questões distintas, mas que, em maior ou menor sentido, complementamse, na medida em que discutem as principais indagações acerca da ação humana relacionada ao problema do tempo.
O primeiro deles traz, assim como o título da obra, um questionamento – o que é um dispositivo?
–, inserindo-nos em uma incursão do termo dispositivo em Michel Foucault, ampliando a análise para um contexto histórico, passando por questões de ordem de genealogia teológica e desencontros de tradução do termo grego oikonomia, traduzido pelos padres latinos como dispositivo, chegando até a própria definição do autor acerca do tema central proposto.
O dispositivo para Agamben é compreendido como criação e proliferação de mecanismos da política contemporânea para controlar a conduta e as opiniões de todos os seres humanos na sociedade capitalista. Essa conferência foi apresentada pela primeira vez em 2005, na passagem do filósofo pelo Brasil.
Em “O amigo”, as relações entre amizade e filosofia permeiam o estatuto ontológico e, ao mesmo tempo, político dessas relações, destacadas a partir de trechos dos livros oitavo e nono da Ética a
Nicômaco, de Aristóteles.
Os amigos não condividem algo (um nascimento, uma lei, um lugar, um gosto): eles são comdivididos pela experiência da amizade. A amizade é a condivisão que precede toda divisão, porque aquilo que há para repartir é o próprio fato de existir, a própria vida (AGAMBEM, 2009, p. 15).
A primeira versão desse texto foi lida por Agamben durante o recebimento do Prix Européen de
I´Essai Charles Veillon, em 2006, em Lousanne.
* Doutorando em Educação, Arte e História