FRA(N)QUEZAS DE (NÃO)SER
O ser humano é um ser essencialmente erótico. Antes de ser um animal racional, o homem é um ser de desejo, constantemente sedento e sempre insatisfeito. Nada há no Universo que o preencha ou complete. Há uma imensa distância entre um ser humano e as demais criaturas da natureza e entre um ser humano e outro semelhante. Esse distanciamento é causado pela perda de algo cuja natureza o próprio homem desconhece e que evoca a nostalgia de uma conjugação completa.
Assim, erótico não é apenas o desejo sexual, mas o desejo como um todo, gerado interiormente, na totalidade íntima do ser. Esse desejo se dirige a objetos exteriores para se expressar, usando o corpo como instrumento.
É exatamente nessa intimidade que se encontram os elementos fundamentais que fazem dos seres humanos, não necessariamente superiores aos demais, mas seres bem peculiares. E é aí que reside a sua auto-realização, ou seja, sua capacidade de construir a história, que nada mais é do que o resultado da elaboração e direcionamento de energias geradas pelo desejo. A história é uma construção que tem como ponto de partida a capacidade humana de desejar.
Nós nos tornamos eternos nas lembranças de outras pessoas, não sabemos quantas. De alguma forma, essas lembranças nossas nos outros, provocam, e até modificam, outras lembranças de mais outros, e assim viajamos de lembrança em lembrança, estas expressas por linguagens variadas, através dos infinitos universos existentes, sendo que cada lembrança nesce e se desenvolve nos múltiplos universos de cada um.