Fourez A Observa O
,
DAS CIENCIAS
INTRODucAo
A FILOSOFIA
,
E A ETICA DAS CIENCIAS
Traduyao de
Luiz Paulo Rouanet
REFLEXOES EPISTEMOLOGICAS o METODO CIENTIFICO: A OBSERVAC;Ao
Nas pagmas que seguem, empregaremos um metodo critico c1ialetico. De acordo com esse metodo, parte-se da maneira pela qual, espontaneamente, as pessoas se representam algo. Na seq(iencia desse processo, prop6e-se uma nova maneira de ver. Este tnetodo e chamado de dialetico, pois reproduz um esquema muito dlfundido desde Hegel: primeiro, se afirma uma tese, isto e, a mnneira pela qual a realidade se apresenta. Depois, apresenta:se
Utna antitese, ou seja, a negayao da tese, negayao que e provocada
"ala apariyao de outros pontos de vista, surgidos com base no
Ixnme critico que se fez. Enfim, apresenta-se uma sintese, que e
Ulna nova maneira de ver, resultante do processo critico.
A sintese nao e porem uma visao absoluta das coisas: e
.• lmp!csmente uma nova maneira de ver, resultado da investigayao
, IIllIzada. T orna-se alem disso uma nova tese que, por sua vez,
:~d~n\ ser confrontada a uma antitese, a fim de produzir uma nova
;lIl'ltcsc que se tornani uma nova tese, e assim por diante. Seme-
lhante metodo nao tende a produzir uma verdade ultima e sim, uma verdade "critica", ou seja, uma nova representa<;ao que se espera nao seja ta~ "ingenua" quanta a precedente.
A fim de ilustrar esse metodo, suponhamos que olhemos para uma flor artificial. Em urn primeiro olhar, podemos toma-la por uma flor natural: poderiamos dizer que se trata d"a tese."
Depois, tendo efetuado exames mais precisos, podemos dizer:
"Nao e uma flor". Finalmente, isto pode conduzira uma nova maneira de ver: "E uma flor artificial feita de seda". 0 processo pode continuar, e essa nova "tese" pode ser negada, produzir uma
"antitese" e depois uma nova sintese. 0 refinamento critico ocorrera cada vez que a nova ''tese'' nao satisfizer mais a nossos projetos.
Neste capitulo, procuraremos examinar 0 metodo critico baseando-nos em uma