Lugar das Humanidades na Universidade
Paulo Denisar Fraga2
I. Hipótese norteadora e modo de exposição
Iniciemos por esclarecer sobre como pensamos poder tratar do tema desta mesa, “A responsabilidade da Universidade na formação do sujeito crítico”.
Parece óbvio que se deva responder com um sim à ideia de que a Universidade tem uma responsabilidade, inclusive especial, na formação do sujeito crítico. Embora seja necessário dizer que tal propriedade não é uma exclusividade da Universidade. No mundo todo, foram os movimentos sociais progressistas que cumpriram grandemente essa função.
Afinal, depois de Weber, Adorno e Foucault, não podemos mais ignorar o entrelaçamento entre o conhecimento e a dominação. E, ao dizermos isso, deixamos implícito que não devemos nos bastar a um conceito meramente técnico de senso crítico.
Isto posto, perguntemo-nos: seria a tarefa da formação do sujeito crítico na
Universidade apenas uma obra de novos métodos e didáticas de ensino, ou um fazer meramente individual, ou mesmo de um certo coletivo de professores dados como metodológica e/ou conteudisticamente excelentes?
Pensamos que não! Reservado o respeito aos que se dedicam, com honesto interesse, ao estudo dos meios de viabilidade
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Painel apresentado na mesa redonda “A responsabilidade da universidade na formação do sujeito crítico”, durante o VII Seminário sobre Leitura e Produção no Ensino Superior, realizado na Unifal-MG em setembro de
2010.
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Professor do Instituto de Ciências Humanas e Letras da Unifal-MG.
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dessa questão nas disciplinas internas às várias áreas, nossa hipótese percorre perspectiva distinta, qual seja, a de que a efetivação de tal responsabilidade depende primeiramente da própria concepção de Universidade que tivermos. E mais, do papel que no interior dela possam cumprir as Humanidades, retomando essa questão mais ou menos sob a influência do que Wilhelm von Humboldt levantou no seu tempo, no projeto de